domingo, 18 de dezembro de 2011

A nossa música

Mais de treze anos depois aqui estou eu de novo a tentar fazer barulho. Há um ano e meio comprei no Palácio da Musica na Vila de Feira o djembé pintado que se vê no meio por duzentos e quarenta euros. Como é um tambor que tem de ser tocado de lado, entrei numa de lhe construir umas pernas para libertar o fundo, e um dia fui ao Serrado e cortei três ramos de medronheiro todos tortos e fi-lo, envolvendo-os com tiras de algodão para não o arranhar, e pintei-o (como não poderia deixar de ser). Ficou óptimo. Só não imaginava que depois ia comprar mais cinco, Africanos, do Senegal e do Mali, por apenas 100 euros. Ficaram durante algum tempo no chão, debaixo do maior, até que me fartei de os ver a apanhar pó e ampliei a estrutura de forma engenhosa. Reconstrui-a, acrescentando-lhe mais duas pernas: uma de sobreiro e outra de vime e montei uma bateria de djembés com ramos de vime em arco para pendurar um prato Japonês, um gongo Chinês, chocalhos de vários calibres e percussões Sul-Americanas, tudo no mesmo galho. Mais tarde acrescentei-lhe estrelas, luas e decorações metálicas, juntamente com chocalhos e a-go-gos. E quando chegamos ao Natal iluminei os ramos com um tubo de LEDs para animar a cena. Ainda me falta acrescentar mais um tubo de luzes e está pronta.

Aqui temos o acordeão da minha mulher, instrumento que estava nas mãos do avô que não o queria dar. Finalmente cedeu e mandamo-lo restaurar. O conserto foi caro, mas valeu a pena. É uma bela máquina de produzir som (para quem o souber tocar).

Isto é um piano a pilhas oferecido por um vizinho que perdeu o pai, teve de adoptar a mãe, e pôs a casa deles à venda. O filho adoptivo não o quiz e ele deu-mo, sabendo que lhe daria melhor uso. Teve toda a razão, e está a ser bastante útil para embelezar as minhas composições. Infelizmente não sou muito habilidoso com este género de instrumentos, mas conheço quem seja (e espero contar com ele). De qualquer maneira tenho imenso prazer em me sentar no banco que mandei construir (e acabei) com a minha habitual habilidade de mestre artesão. Também o pintei totalmente à minha maneira (como se pode ver). Era totalmente metalizado a prateado. Comprei umas pernas e um pedal de sustain, e "voilá", maestro.

Este é um aspecto geral deste ângulo da aparelhagem no Natal.

Há dois anos e meio uma prima minha e o marido apareceram em minha casa e convidaram-me a aparecer em casa da mãe dela. Iam para lá aos fins-de-semana ensaiar e tinham um projecto musical, juntamente com mais dois amigos: eu, que andava ansioso por soprar na minha flauta, apareci logo e admirei-me da amplitude do potencial instrumental de que dispunham. Tinham uma gama de toda a espécie de instrumentos impressionante, alguns dos quais nem sequer sabia como se tocavam. Isso motivou-me vivamente e renasceu a minha vontade de me mandar para a frente e tentar dar vida aos meus textos e composições. Comprei uma placa externa interessante, uns monitores auto-suficientes potentes, e só faltava o Cubase para me tornar independente, mas o programa mostrou-se arisco e difícil de conseguir de forma satisfatória, e ainda mais difícil de trabalhar e digerir, até que um dia soube por intermédio do Mota (o pianista da nossa banda da adolescência - a Egypcian Cross - que o Sérgio estava interessado em fazer alguma coisa em prol da música. Não sabia como contactar com ele, até que dois dias depois apareceu espontâneamente no facebook, e fiquei animadíssimo: entrei imediatamente em contacto com ele, e ele disse-me para passar lá por casa para falarmos. No dia seguinte estava a tocar à campaínha; falamos durante mais de duas horas sobre tudo e sobre nada, e combinamos colaborar num projecto conjunto de fazer algo pela música de nossa autoria. E aqui estamos, lançados na louca odisseia de mostrar ao mundo que estamos vivos, criativos e mais motivados do que nunca. "A vida é uma Ilusão com bons motivos para ser vivida".

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