segunda-feira, 8 de novembro de 2010

15 quilómetros de espinho douro





Quantas nogueiras são necessárias cortar para criar uma passadeira nas dunas com 15 quilómetros de comprimento? Alguém me saberá responder a esta pergunta?
Eventualmente comentarão não ver nenhum interesse nesta questão. Mas o que é facto é que a passadeira serpenteia pela costa como uma grande serpente, exposta a todo o tipo de condições climatéricas que não lhe dão mais do que três ou quatro anos de vida (sem falar na violência do mar no Inverno que lhe arranca partes) e que me deixam a pensar.
Há dois ou três meses atrás decidi fazer um pequeno passeio a pé pela passadeira até à Granja. Não era o dia mais apropriado para curtir o trajecto (estava muito enebuado e chegou mesmo a chover), mas não queria ficar em casa e fomos. Acabou por ser mais interessante do que eu pensava porque a maré estava baixa e vi paisagens que normalmente não se vêm: ainda por cima tive a fezada de fotografar rochedos e pedras invulgares na praia, portanto compensou o esforço e o incómodo (embora a minha mulher não tenha pensado assim).
Depois deste teste inicial fiquei com a passadeira atravessada na carola e pensei fazer o trajecto todo até ao fim. No mês de Outubro vi num domingo a oportunidade ideal para o fazer e decidi ir de Miramar até á Foz do Douro. Fomos de carro até à estação de Miramar, descemos para a praia e começamos a caminhar. Estava um dos dias mais bonitos do ano, com o mar a condizer, e por Neptuno (como se pode confirmar nas fotografias que tirei) espectacular. Decidi fazer este passeio porque nunca tinha estado na costa de Miramar para cima e queria ver a paisagem. Posso dizer que é muito bonita, e tem algures no caminho uma das praias mais sensacionais que conheço nesta área.
Vi num sítio ou noutro uma segunda passadeira nova a substituir a antiga e pergunto-me se não seria mais conveniente utilizar outro tipo de material: uma liga plástica ou acrílica seria o ideal, sobretudo nas estacas que protegem as dunas, devida à sua natureza transparente e à óbvia resistência à salmoura e à humidade.
Não tenho nenhum tipo de interesse em especial nesta questão, mas acho que o serviço podia ser muito mais bem feito com esse tipo de material. Também não contesto o interesse publico que a passadeira proporciona aos utentes, e nós mesmos vamos utilizá-la mais vezes. Só questiono os aspectos práticos do empreendimento.
Esse passeio de Miramar a Gaia foi o melhor do ano e aconselho toda a gente a fazê-lo. Pode depois regressar a casa de comboio (como nós fizemos).
Ontem (depois de dois dias enebuados) o céu apresentou-se azul, com uma nuvem ou outra a decorar o ambiente, e vento forte. Como o vento não me proporcionava boas condições para continuar a fotografar as folhas de Outono, decidi fazer o resto do trajecto na passadeira, embora desconfiando que à beira-mar devia de estar uma Nortada ainda mais violenta. Disse à mulher para se vestir com um casaco de couro e fomos para Espinho.
Tal como imaginava estava um vento frio e agreste, mas suportável; melhor do que ficar em casa a olhar para a televisão. E siga para Norte, de frente para o vento uivante em cima das dunas, a olhar para o mar negro, extremamente ondulado e cheio. A costa estava irreconhecível, e o mar batia nas dunas, arrancando algumas estacas de protecção. Granja, Aguda e Miramar. Sete quilómetros para lá e para cá, mais uns trocos, deram 15 e a conclusão fotográfica da "Passadeira espinho douro" que vou publicar (desta vez) num album wicasa aqui no blog.