domingo, 14 de novembro de 2010

Eu, visto ao reflexo no barro da Terra

Aqui é perto do fim. A cal...

Por aqui vemo-nos ao espelho a ficar baço da meia idade.
O "reflexo" da realidade, em sobre-camadas reflectoras da grande "ilusão". A luz forte nos olhos.
Fase achocolatada da vida: mulher, filhos, vida social, prestígio, sucesso, dinheiro, ya!
Ya?
Prata e diamantes? Aonde?
Ia já atrás deles...
Umas lantejoulas, bonecas e palhaços, também.
Ouço a fanfarra do circo à distância, com a cabeça do Ganêz a surgir no horizonte.
É muito bonito.
Somos feitos de pele e osso, sangue e carne, fluídos e cérebro, tripas e merda.
Passagem do intestino delgado para o intestino grosso (visto com Gamavisão).
Depois da orgia, a factura. Toda a matéria acabará por apodrecer e se decompôr com o tempo (menos as pedras preciosas). Mas não se preocupem: a mãe-Terra está mesmo ao nosso lado, para nos acolher nos seus braços multifacetados.
Antes de dar o salto revemos em flash fragmentos da nossa vida, e apercebemo-nos da sua brevidade neste planeta e desta forma. Os cacos de ouro ou barro que deixamos para trás, são irmãos na validade histórica dos factos.
Ninguém consegue vencer o Tempo. Nem os Deuses. E a degradação é inevitável no mundo em que vivemos. Resultado: três palmos de terra como consagração da vida neste mundo.
O recurso ao Divino é típico dos povos civilizados à Moda Antiga.
Através das camadas múltiplas deste bolo cósmico, vejo parte de uma constelação longínqua numa galáxia algures do outro lado da minha imaginação.
Don´t you?
O Nirvana é a meta Suprema. E a Iluminação a "Grande Aspiração".
A Luz é a única forma de matéria pura no Universo.
Hoje vejo-me cósmicamente colorido: sou feito da poeira de minerais e metais dos confins do Universo. E de terra e barro, ocre e enxofre:
- Apresento-vos o "reflexo" espelhante dum gnomo-sapateiro/remendeiro, aspirante a "Mágico", Ilusionista, Contorcionista, Bodhisattva, corista sussurante, flautista falhado, psicólogo da treta, Visionário...

Mais barro?