quarta-feira, 1 de junho de 2011

No jardim da estalagem do castelo

Suaves serão os caminhos da infância, em tons diluidos de luz e sombra misturados com sonhos e esquecimentos.

Passa a raposa no escuro sem emitir nenhum ruído.


"Uma coruja pia e ... Vai lanchar".

Aqui passou Mouro.


Devia estar a cair água por estas paredes abaixo, como numa cascata natural. A diferença visual, sonora e climatérica, seriam tão significaticas que todo o parque resplandesceria de vida animal e vegetal - um autêntico jardim do Paraíso.


"Vamos ter barcos para passear no lago, meninos. Barcos. Acreditam nisso?" - diziam as monitoras gordas e deslocadas no clima, no tempo e no espaço. Mulheres deconsoladas, amarguradas e rudes como Sargentos da tropa. Autênticos monstros: altas como torres, de cabeça gorda e gordorosa, rala de cabeleira e implacáveis no tratamento dos "meninos" mal-comportados.

Estalagmites-estalaqtites, cornijas e abóbadas, portais e colunas,... Feitas por pedreiros da região (como se poderá comprovar lá mais para a frente) e eventualmente trabalho encomendado e pago pelo Henrique Veiga-Macedo, um magnata da Vila, inteligente, que não queria passar despercebido na história da sua terra.


Ya.



Há anos que queria entrar aqui e revisitar este periodo conturbado da minha vida.
Nesta idade acho que tinha um certo receio do meio ambiente social.


Era tudo muito cinzento e desinteressante.

Imaginem o ruído da água a cair pelas paredes abaixo e a cortina líquida a distorcer as aberturas na rocha. As grossas gotas de água a cairem das alturas e a ribombarem cristalinas no eco das saliências mais improváveis.


Tenho dez anos e quero ir para casa - dizia eu - ao terceiro dia de permanência no local.

A comida não presta.

OS ARTISTAS

O Príncipe sapo vivia tranquilo na sua caverna, quando um dia uma filha feia e desconsolada do rei do castelo foi dar um passeio inabitual por um ângulo diferente do jardim e o ouviu cantar. Exigiu logo um autógrafo a tão grande solista e convidou-o a cantar na sua festa de aniversário daqui a três dias.

E a tola apaixonou-se pelo sapo.


Ponte da ramada entrançada-gavinha de pedra-ramo de árvore.


"Daqui quase que dava para ver o mar".


Há sítios muito bonitos na nossa terra.



É impressionante este tipo de respeito pela natureza vegetal. O trabalho de alvenaria nas barreiras, parapeitos e guarda-freios, nas pontes e passagens com acesso mais duvidoso, denotam um gosto muito prático e natural.


"Viver e conviver com a Natureza é o máximo que um humano pode alcançar nesta existência".

É um bongo - é um bongo:

BUM-BUM-BUM

BUM-BUM-BUM


Hey... Onde é a porta de saída.

Há quarenta e três anos atrás fiquei entre os três melhores da minha turma nos quatro anos de escola primária, e como o regime de Salazar era generoso, ofereciam uma estadia numa estalagem próxima como recompensa. Embora desconfiado com tanta generosidade tive de ir; eis o resultado no jardim.


A estalagem é agora uma creche e jardim de infância, e não deixam entrar curiosos.


"A longevidade é o segredo do Além".