terça-feira, 25 de maio de 2010

Dádivas dum vizinho

Tenho um novo vizinho, generoso e desinteressado, que me tem dado umas fêzadas, e isso é óptimo (e inesperado). Geralmente ninguém dá nada a ninguém, mas como ele não queria deitar simplesmente fora certas coisas falou comigo e aceitei ver o "mambo".
Algum tempo atrás a minha mulher tinha falado com ele e pediu-lhe se (por acaso) visse alguma máquina de costura à venda durante as suas viagens de trabalho lhe disse-se.
Na Páscoa deste ano o pai dele morreu inesperadamente durante a Quaresma e a mãe decidiu despachar tudo que estivesse ligado à sua vida passada com o defunto.
Pouco tempo depois apareceu no meu trabalho com a máquina de costura da mãe e deu-ma. Uma Oliva antiga de grande qualidade completamente nova e fiquei de boca aberta com semelhante prenda: não quiz um tostão por ela e disse que tinha imensos livros e outras coisas para dar, ou deitar fora. 

Dias mais tarde apareceu novamente de repente e perguntou-me se não queria ir com ele a casa da mãe ver os livros. Disse logo que sim. Quando chegamos à magnifica casa (agora abandonada) ele levou-me à sala de leitura do pai e disse-me para escolher os livros que me interessassem. Não pareciam tantos assim, mas à medida que os ia retirando das prateleiras e analisando, vi que eram muitos: dezenas. Pareciam meios podres e chamuscados por fora, mas ao folhea-los estavam bem por dentro, portanto recuperáveis para um mestre artesão como eu, perito na restauração e recuperação de peças degradadas em extremo.
Nesse fim de tarde carregamos a carrinha até não caber mais nada com livros, peças de tecido e forro, linhas de costura, decorações e caixas de vários tipos; latão pintado e madeira, com incrustações de marfim e madre-pérola. E isto era apenas o princípio.
Depois conto mais.
Vejamos agora algumas imagens do evento.