domingo, 14 de março de 2010

Cerrado aliviado

Depois de tanto frio, chuva, granizo e (trombas d´água, deslizamentos de terra, derrocadas de montanha, inundações catastróficas e ventos ciclópicos) um pouco de Sol. Aproveitei e fui dar uma volta pela natureza.

Fui até à Quinta de D. António, e claro, como sempre fiquei desapontado. Já sabia que o vento forte que soprou durante tanto tempo, acompanhado pelas tempestades violentas, teriam deitado muitas árvores abaixo. Só não contava é que se aproveitassem disso para cortarem muitas mais e abrirem a terra ao Sol.
Provávelmente à milhares de anos que esta terra não via o céu como está a ver agora. E isso é abusivo. Será que alguém tem interesses imobiliários na Quinta?
Desde criança que conheço os canais da fábrica de papel espalhados pelo pinhal dentro, na área de baixo mais perto do ribeiro, e eles sempre me intrigaram. Qual seria o papel de tanto canal, cavados tão fundo e construídos integralmente em pedra? Sei que derivam todos para a fábrica, e na minha infância pude observar que era uma estrutura impressionante. Claro que agora está completamente desconjuntado e perdeu a maior parte do seu significado: contudo continua a ser um mistério. Na confusão da nova configuração que tentam dar ao ambiente perdi-me e acabei a olhar para os buracos e canais perdidos. Até tirei fotografias e a minha mulher filmou. Não será possível recuperar a planta original e curtir a obra no seu todo? Ou talvez fazer uma abordagem arqueológica? Não dá?...
Pergunto-me onde está o orgulho de ser Brandoense (se é que este povo tem disso) e o que pensam do passado, do presente e do futuro. Tenho quase a certeza que não pensam nisso! Estão-se marimbando para essas trivialidades. O que conta é o automóvel, a fachada da casa, a roupa que vestem e os joguinhos de computador, tipo farmville e outras paneleirices foleiras.
Outra coisa que me intriga é a configuração geológica a meio do vale entre a fonte do Cavalo e o ribeiro ao fundo. Desde sempre que reparei nas pedras redonas e polidas do local, misturadas com quartzos e feldspactos, mas nunca liguei. Agora interessa-me o eventual interesse e significado de tais pedras naquele sítio. Esse tipo de material só se encontra junto a rios ou à beira-mar, nunca nas margens de um pinhal. Então que estão elas aqui a fazer? Será que este local já esteve à beira-mar? Ou será que já correu um grande rio nesta área antes da ocupação humana! Vou mais na onda do mar já ter estado à nossa porta e acredito que vai voltar a estar, aquando do próximo degelo global e subsequente nova idade do gelo.
O futuro para o planeta é negro, e sem me querer armar em profeta, nefasto para a vida (como aliás já aconteceu várias vezes). No entanto ainda estamos vivos e podemos par graças por isso.
Vejamos umas imagens da quinta de D. António.