quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Regurgitação marinha à porta
Na segunda-feira passada dei um passeio junto ao mar, junto às ondas, e observei as alterações provocadas pelas tempestade de Novembro e Dezembro (faço uma leitura do local todas as semanas no mesmo trajecto).
Primeiro comecei a ver muitos ramos do arbusto das dunas, ainda verdes (arrancados brutalmente pelas marés vivas na Costa de Prata)-(Reserva de S.Jacinto e Maceda) na praia: há muitos anos que não via tanta ramagem na praia. Como sempre (nessas circunstâncias) até toros e grandes raizes arrancadas à encosta do pinhal se viam espalhados por toda a parte (o que é o caso). No Inverno a corrente Sul arrasta esses destroços para Norte e espalha-os pelos praias acima.
Depois veio o lixo, reciclado pelo mar: e que lixo.
Grandes novelos de fio de pesca e de nylon, de toda a espécie, côr e espessura, entrelaçados em ramos do arbusto de vários calibres, formas e comprimentos, juntamente com garrafas de plástico e outros objectos do género. Uma amálgama abstracta de materiais não degradáveis - monstros quase invisíveis de fios fortíssimos e duradouros, sentenças de morte para milhares de criaturas, ao longo das suas vidas desperdiçadas de plástico no fundo o Oceano. Monstros de selicone - "como diria o Zappa".
Vê-se também com frequência na areia manchas de fronteira de côr e textura duvidosos: parecem marcas de água de ETAR. Merda mal lavada, e com as correntes fortes dos últimos meses, empurrada para as praias pelas marés.
Vi muitos exemplos o ano passado, e continuo a ver neste. Tenho muita fotografia sobre a matéria (sempre).
Outro aspecto espalhafatoso foi ver um grande fosso cavado pelo mar junto à piscina -o ponto mais fraco da Baía de Espinho. Sempre foi e continua a ser. Mas ir pela praia, e de repente ver aquele penhasco de vários metros de alturas junto à Avenida, dá para alucinar. E do lado do mar, no esporão, cavou uma cova de dez metros de profundidade. Impressionante.
E sai trelin-trac-trinnnn...?
Fiz uma imagem do hotel Costa Verde quase premonitória; se o nível do mar subir (como está previsto).
Assustador.
Janeiro 2010.
- "As pedrinhas do mar são jóias de beleza insignificante".
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