domingo, 3 de outubro de 2010

Música no horizonte

À quinze dias atrás apareceu aqui em casa um primo meu ligado à musica a convidar-me a aparecer para curtirmos uma jam session. Já não toco à meses (ou anos), mas estou interessado em recomeçar (se possível) e acedi. Apercebi-me então que não estou tão perro como pensava, e passamos uma noite interessante a tocar livremente até às três da manhã em casa de uma tia minha daqui.
A seguir convidou-me a ir a uma festa na terra dele totalmente dedicada à música e ao teatro (entre outras diversões típicas do Marão). Veio buscar-nos e trazer-nos para não nos perdermos, facto que em si representa um esforço significativo, que muito agradeço. Afinal foram quatro horas de viagem para lá e para cá, e quatrocentos quilómetros de percurso com quatro portagens pelo caminho. Bastante tempo e dinheiro num gesto de boa-vontade - coisa rara hoje em dia.


Regresso às origens do povo desta região das fraldras da Serra do Marão, origens e cultura baseados nos valores reais da natureza viva: O Sol, simbolo supremo da vida, abre a narrativa, e a aldeia de Quintandona com 60 habitantes é o epicentro da festa.
A aldeia restaurada, totalmente construida de xisto, é um exemplo palpável do que poderia ser feito noutros locais com as mesmas características, como Drave (por exemplo) em S. Pedro do Sul.


Como se pode ver nesta fotografia, é tudo feito de pedra: casas, muros e caminhos - arquitectura feita para durar e desafiar os rigores do clima. E é bonito de se ver.


Perdida num vale, Quintandona é um desopilante extraordinário. Neste local esquecemos a nossa proveniência e sentimo-nos como turistas noutro país. Um sentimento de liberdade percorre a nossa mente, e a música omnipresente ocupa o resto da nossa atenção descontraída. Esse sentimento é reforçado com a ausência de forças de segurança: não se vê um policia em lado nenhum, facto que contribui para o bem-estar geral.
Três palcos e um teatro fazem a festa quase permanente, com música Celta e típica da região (o malhão). Muita gente aproveita para dançar e o pó envolve-os como um casulo:

 
Quando não tocam bandas tocam bombos - muitos bombos.



O pão e o vinho são a base da subsistência, e esse tipo de produtos o ex-libris deste povo. Eu e a minha demos grandes passeios pelo campo e regalamos o olhar com a visão das espigas douradas, como o Sol que as viu nascer.
À algo de mágico numa simples espiga de milho: gostaria de o mostrar aqui, mas a máquina está renitente em carregar mais imagens, portanto quem as quiser ver poderá fazê-lo no album correspondente no facebook.
Somos pessoas que raramente saem de casa e este passeio foi uma dádiva que muito agradecemos, sobretudo porque veio ao encontro dos nossos gostos preferidos; partilhar a natureza pura e simples.

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