quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Turistas e fotografias
Hoje em dia viaja-se mais depressa que a própria rotação da Terra. E quando alguém parte para terras distantes vai geralmente acompanhado pela sua máquina fotográfica ou câmara de video, para registar o facto. Claro que o resultado final é muito bonito e o turista regressa a casa com o seu espólio artístico, ficando psicológica e materialmente mais rico. Contudo não passa de um viajante passageiro à sombra dessas obras vivas magníficas da realização humana.
Na verdade o turista é um pobre diabo cheio de pressa que tenta captar frenéticamente tudo e mais qualquer coisa que lhe pareça interessante, e para tal farta-se de apontar a máquina e carregar no disparador para "congelar a realidade" e transportá-la para casa (para mais tarde recordar - como diz a cantiga).
É óbvio que gostava de ser também eu um tipo desses, cheio de sorte (e de dinheiro), mas como não sou, contento-me com os restos, as fotografias.
A imagem gravada em qualquer tipo de formato é pura magia, e poder vislumbrar o resultado é moralmente compensador - faz bem à alma e anima o espírito. Claro que preferia embarcar e fazer eu mesmo o trabalhinho: mas como sou pobre e tenho muitas galinhas, coelhos, mandarins, três gatos e um piriquito, tal possibilidade está fora de questão. Afinal quem iria alimentar a bicharada na minha ausência?
Para dizer a verdade sinto-me escravo dos animais, quando devia ser o contrário.
Agora vejamos algumas relíquias arquitectónicas da cultura universal: Tunes, Índia e Bucareste.
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