segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Aborto poético


Depois da experiência falhada com a Chiado Editora, a quem recusei a edição do meu livro "Aproximação à alquimia cibernética" devido às condições contratuais quase ofensivas à minha integridade psicológica, aproveitei a deixa, pesquisei um pouco na NET e deparei-me com o anúncio de um concurso de poetas chamado - Ministério da poesia 2009 - proporcionado por uma tal "corpoeditora". Achei piada à ideia, devido ter um carácter bastante internacional, e decidi enviar a parte "cibernética" do texto para apreciação. Dois meses depois recebo a resposta, positiva. Estão dispostos a editar, e enviam no mesmo e-mail as várias condições obrigatórias que devo aceitar, se quiser que tal se concretize.
Inicialmente quando as li pareciam bem, lógicas e justas, mas mais tarde, quando fui para a cama e comecei a fazer contas de cabeça e a matutar no assunto, apercebi-me imediatamente do fiasco. Toda a gente poderia vir a ganhar bem com o meu produto e eu ficava com a esmola do costume.
Raios. Já sou monetáriamente pobre e não vejo motivo para ser despromovido a mendigo. Se querem dar uma esmola, que a dêm a um verdadeiro pobre. É inadmissível só ter direito a um décimo do que é meu. Isso nem os aperitivos paga de uma eventual apresentação pública da obra.
Não vou continuar aqui a descarregar a justa indignação a que tenho direito, e noutro tipo de circunstâncias a minha linguagem poderia atingir píncaros inadmissíveis na rede, portanto só tenho uma coisa a acrescentar: quem quiser viver à minha custa vai ter de ser um génio malabarista, um Houdini freudiano do inconsciente, um mestre do sonho e pesadelo.
Como já disse em intervenções anteriores, não é a ganância nem a vaidade que me motivam a escrever, a pintar, a esculpir, a fotografar ou a filmar o meu mundo. Na realidade sou impulsionado por uma força interior que me ultrapassa e obriga a fazer coisas, que podem surgir espontâneamente do nada virtual ou real, ou do livre exercício do pensamento, consciente ou inconsciente. Sou uma espécie de marionete de mim próprio e não saio a ninguém da minha família moderna: essa só pensa em dinheiro e prestígio social.
Agora que acabei com as gravações em cd vou acabar de revisar o resto do meu livro "geração egoísta", enquanto monto o palco para recomeçar a fazer a minha própria música: estou com saudades de fazer barulho e pôr a casa a abanar.
Só mais uma coisa: nestes tempos que correm não é aconselhável investir no fabrico e venda de perecíveis desnecessários, como livros. Portanto, porquê todo este frenesim injustificado?

Queria.
Queria como quem quer e não pode,
Querer poder.

E para acabar, uma imagem representativa daquilo que escrevi.

1 comentário:

NoiteNegraDeAzul disse...

Olá, tenho dado uma vista de olhos no teu Blog, parece-me fixe gostei em particular do poema ao troquista.

Se quiseres enviar alguma coisa para ser publicada no engenho no papel, estás a vontade, engenhonopapel@gmail.com

já lá meti um post a publicitar o teu blog.

abraço