Quando eu era uma criança o meu pai adorava passear aos fins-de-semana com toda a família, até a minha mãe se fartar de tanta borga (e do trabalho extra que tinha para concretizar os gostos do meu pai). Contudo ficaram-me na memória flashes de certos sítios que nunca mais esqueci. Este é um deles - e dos mais poderosos.
LAMEGO. Cidade do interior de difícil acesso, com uma ocupação humana das mais antigas da Península Ibérica (de certeza).
Agora vejam e apreciem o preço da fé (e do ouro e riquezas das ex-colónias que contribuiram para a realização deste prodígio na rocha da montanha).
Isto é o interior da Sé. Faltam-lhe estátuas nos nichos dos cantos.
Este tronco de castanheiro prova a longevidade do local e o cuidado com a vida vegetal - digno testemunho do poder de Deus - por parte dos monges ao longo de inúmeras gerações.
E este! Impressionante. Nunca vi ao vivo nada tão descaradamente potente. Assemelho este tronco ao de Matusalém, a árvore mais antiga de que se tem conhecimento, na América do Norte.
As fontes de água corrente e cristalina são a melhor prova da ocupação humana respeitosa do povo do Norte Interior.
Adoro fontes e o que representam.
Aspectos da Sé.
O rigor arquitectónico, o trabalho dos pedreiros na alvenaria das formas e a ambição de criar uma obra digna do explendor de Deus, faz deste local um dos mais belos e teológicamente credíveis de Portugal. Não ligo a deuses nem demónios, mas aprecio qualquer tipo de representação religiosa, seja ela de que raça ou crédito fôr. Para mim são todas boas, porque psicológimanet não me dizem nada.
Quem terá tido a ideia de construir esta catedral desta forma? Claro que se deve saber, mas não deixa de ser impressionante.
Tanta magestade, tanto poder, tanto explendor. Será para intimidar o comum dos mortais e convencê-los a aderir à causa? Será para estarem mais perto do céu?
Para quê viajar para as selvas do Cambodja para visitar Angkor Vat se temos isto ao pé da porta! Claro que existem na Índia e na Indonésia representações ainda mais potentes do que esta, mas francamente... Não dar valor ao que se tem sempre foi um dos principais handicape dos Portugueses (do qual me envergonho), mas não vou dar conselhos a ninguém.
Deve ser bom ser rei, porque de cima do pedestral respira-se melhor e a vista é mais abrangente. Contudo nem todo esse poder é suficiente para impedir a chuva de lhes roer a figura e transformá-los em cera derretida.
Nem o Sol, a Lua, as estrelas e o próprio Deus são imortais. E os sacerdotes sabem disso.
Esta fonte representa bem a diferença de estatuto entre plebeu e senhor.
É duro e difícil o caminho para a Perfeição/Iluminação. São raros os personagens que conseguem atingir o Nirvana, e mais raros ainda os que o divulgam.
A Iluminação é algo de transcendental, interpessoal e cósmico. E é sempre a subir, degrau atrás de degrau.
A Mira ainda não subiu tantas escadas como a Madre Teresa de Calcutá, mas para lá caminha.
Ao contrário de mim (que tento congelar a realidade) ela tem a possibilidade de a gravar ao vivo. E é pela última vez que o faz com a velha Panasonic que saquei ao meu velhote: esta semana vou receber outra Panasonic, a última novidade, com lente Leica, digital HD, e a festa vai melhorar, substâncialmente.
O acesso pelas estradas do campo a esta cidade é igual ao das escadas: cheio de curvas. Aliás. Por aqui é tudo às curvas; o Douro é ziguezagueante, os montes tridimensionais e a estrada ondulada como o mar.
A vida instalou-se em sucalcos e plataformas construídas com muros de pedra.
Esta sereia, apelativa por mais de uma maneira, sopra na sua concha uma melodia fluída e hipnótica de paixão. (Sem querer desapareceu daqui e passou a abrir este blog).
Fonte da sereia.
Stupas à Nortenho?
Camarata dos espíritos reais?
Capelinha do Cardeal?
Nave para "Matéria Negra".
Gosto disto. É um bom exercício para os "gêmeos" das pernas: embora o início da subida tivesse sido um bocado pesado, cansativo, essa sensação depressa desapareceu com a concentração na imagem e nas formas da escadaria e arredores.
O dia foi muito bem escolhido. O turismo é mínimo e não está Sol nem vento.
O parque da montanha tem duas cavernas artificiais para os espíritos da Terra, da água e da floresta. As árvores são muito antigas. Protegidas por Deus.
O meu fascínio pela arquitectura religiosa do Norte de Portugal é algo que me motiva a sair de casa de vez em quando.
Aproveitando as características pouco propícias para ir para a praia, sugeri que aproveitassemos e fossemos a Lamego visitar a Sé da cidade antes que o tempo aqueça de mais.
As cerejas fresquinhas da região por todo o lado foram o topo do bolo.
Dá gosto passear (apesar do preço exagerado da gasolina).